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Da Catedral à Doce Colina do Rosário: onde fé e história se encontram

Jeremias Santos

Passear por Oeiras é como regressar no tempo. A primeira capital do Piauí, com seus belos e imponentes casarões, suas ruas calçadas de pedra e o jeito simples do seu povo, nos conta um pouco da história do estado. Conhecida pelo título de Capital da Fé, Oeiras vivencia diuturnamente a religiosidade que se mantém viva através do seu povo. É nas Igrejas de Nossa Senhora da Vitória e de Nossa Senhora do Rosário, onde Fé e história se misturam. A primeira ganha destaque por sua imponência e robustez; a segunda, por sua simplicidade e beleza.

O misticismo que envolve essas duas igrejas vai além da religiosidade e acaba se transformando também em um espaço social, de memória, de identidade e de fé. São elementos que fazem com que as igrejas de Oeiras sejam muito mais do que elementos artísticos ou históricos. São espaços, onde exprimem, desde um sentimento religioso, a um momento de encontro da sociedade.

A construção dos templos

Muito se discute sobre qual dos dois templos foi o primeiro a ser construído. Moradores da cidade de Oeiras discordam que a Igreja de Nossa Senhora da Vitória tenha sido a primeira Igreja a ser construída, defendo que a pioneira seria a Igreja de Nossa Senhora do Rosário. Mas, segundo o historiador Júnior Viana, documentos comprovam que o primeiro templo religioso a ser construído no Piauí foi a Igreja de Nossa Senhora da Vitória.

A Igreja de Nossa Senhora da Vitória é a primeira, porque ela é de 1697. Foi construída em um tempo recorde de pouco mais de 20 dias. Mas não uma arquitetura bastante sólida, era uma capela de palha, depois é que ela vai ganhando aquela fisionomia arquitetônica que ela possui nos dias de hoje. Já no tocante a Igreja de Nossa Senhora do Rosário, criou-se durante muito tempo de que ela teria sido a primeira, mas depois de vários estudos e outras analises, chegou-se a constatação que não. Ela é uma Igreja da década de 30 do século XVIII, construída pelos jesuítas na finalidade de servir de apoio a casa desses religiosos que ficava onde hoje é o bairro do Rosário. Então a Igreja de Nossa Senhora do Rosário, atual sede, matriz de uma Paróquia, a priori ela era apenas uma capela que fazia parte do complexo arquitetônico dos jesuítas, numa espécie de sede administrativa deles aqui no Piauí, destaca o historiador.

Os templos e a religiosidade do povo

As igrejas de Nossa Senhora da Vitória e Nossa Senhora do Rosário representam muito para o povo oeirense. Foi através delas que se pode criar certa intimidade do povo da cidade com as manifestações religiosas e com os próprios templos. Oeiras é uma cidade, que, mesmo com o crescimento populacional e que mantenha um diálogo com as novas propostas midiáticas, as pessoas ainda têm a sua vivência muito ligada à liturgia e ao calendário litúrgico, então, a igreja é muito importante nesse ponto de vista de que as pessoas encontram nela um espaço, um meio de manifestar seus sentimentos, sobretudo religioso.

A Dona de Casa Maria José mora em Oeiras há 16 anos, mas faz mais de 40 anos que ela participa da Romaria de Bom Jesus dos Passos, momento marcante e que envolve diretamente os dois templos religiosos.

As Igrejas de Nossa Senhora da Vitória e de Nossa Senhora do Rosário são mais que somente duas Igrejas. Elas representam a nossa Fé, nossa religiosidade, a história desse povo. Faz 16 anos que me mudei para Oeiras. Eu morava no interior de Ipiranga, mas já faz mais de 40 anos que participo da Romaria do Senhor dos Passos em Oeiras. A primeira vez que participei ainda era criança. A Romaria dos Passos faz com que você crie uma intimidade com as duas Igrejas. A Igreja do Rosário pela missa dos Romeiros na sexta bem cedinho e pelo oficio meio dia e na Catedral nas missas e confissões durante a manhã e pela chegada da procissão à noite. É como se as Igrejas fossem outras casas para quem participa. Você se sente acolhido, se sente em casa. A cada passo que você dá seguindo o Senhor dos Passos, você sente sua Fé fortificada, você se sente mais forte espiritualmente e até fisicamente mesmo, relata a dona de casa.

Fé e cultura se misturam

Quando fé e cultura se encontram, a sentimento do povo fica ainda mais aflorado. Os templos de Nossa Senhora da Vitória e Nossa Senhora do Rosário em alguns momentos promovem esse encontro ou essa mistura. Na Igreja de Nossa Senhora da Vitória exemplos marcantes são as cantorias, no adro da Catedral são entoados cantos ao Bom Jesus dos Passos e ao Ressuscitado.

Na Igreja de Nossa Senhora do Rosário, a dança dos Congos, após a Festa de Nossa Senhora do Rosário e de São Benedito, é exemplo marcante dessa mistura de fé e cultura. Outros elementos que marcam as Igrejas como espaços culturais são as suas quermesses que acontecem durantes os festejos dos padroeiros e o tradicional som dos seus sinos, que com um toque que para quem não conhece não significa nada, mas os moradores da cidade sabem o significado e sentem o sentimento de cada batida.

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