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Professora Renária Castro ministrando aula para alunos do Projeto de Libras (Foto: Isael Pereira)

Educação inclusiva na cidade de Picos: avanços e desavanços diagnosticados

Relatos de personagens apresentam os avanços conquistados para a Educação inclusiva no município, assim como, apresentam problemas antigos que requerem solução.

Por: Tainá Alves

Quando se fala em educação emerge diversos porquês, e na educação inclusiva, existe uma série de fatores a serem questionados. É necessário abordar sobre ensino e métodos que venham a aproximar ainda mais o aluno da vontade e possibilidades físicas e intelectuais de aprender. Essa reportagem traz relatos de pesquisadora, profissionais e mãe de criança com deficiência que falam sobre a importância de políticas públicas voltada para a educação inclusiva.

Estudos, meios e metodologias que coloquem professores a frente de um ensino de qualidade, e acessível a estudantes que demandam de uma atenção maior, e de atributos que os façam permanecer frequentando a escola, são ferramentas básicas que precisam ser ofertadas a todos os alunos, principalmente aos que necessitam da educação inclusiva.

A pesquisadora licenciada em Pedagogia, Maria Lusia Gonçalves, que também é professora do Ensino Infantil I, realizou estudo voltado para as práticas educativas na sala de recursos multifuncional do atendimento educacional especializado-AEE, em uma Escola Municipal de Picos. A pedagoga explica como funciona essa sala de recursos e discorre sobre a importância de discutir políticas públicas na educação inclusiva.

“A sala de recursos funciona no contraturno das aulas, e disponibiliza atividades com professores que trabalham em parceria para apresentar aos alunos atividades que já estão sendo trabalhadas em sala de aula. Cada metodologia e prática pedagógica é pensada exclusivamente para o aluno de forma individual, e não para todos os alunos. Os professores pensam e planejam uma prática pedagógica de acordo com a necessidade de cada aluno”, acrescenta a pedagoga.

Pesquisadora e Pedagoga, Maria Lusia (Foto: Arquivo Pessoal)

Maria Lusia realizou seus estudos no ano de 2020, ela conta que, naquele período, diagnosticou que apenas duas escolas oferecem a sala de recursos na cidade de Picos. Para ela, a Educação inclusiva de Picos discorre sobre uma outra realidade também existente nas escolas.

“Se fala muito em educação inclusiva, mas está faltando ainda preparo, capacitação para os professores, para trabalhar realmente com o aluno que tenha uma deficiência ou um transtorno ou comorbidade, principalmente autistas. Aqui em Picos tem muitas crianças autistas de níveis variados, então está faltando capacitação para os profissionais. Picos ainda precisa melhorar muito na Educação e rever a sua oferta de educação inclusiva, precisa criar novas ações e condições e saber aplicar” opina a pesquisadora.

A Secretaria de Educação de Picos conta com uma Coordenação voltada para a Educação Inclusiva, a Coordenadora Jackeline Marques está à frente desta Coordenação desde janeiro deste ano. Ela fala sobre os progressos, assim como a importância, sobre o conjunto de relações entre família e escola, e projetos especializados, como: “Libras para Falar e Português para Escrever”.

Jackeline explicou que o município está em uma fase de progresso para conseguir alcançar a excelência no que tange a educação e inclusão. Segundo ela, é necessário expandir estes projetos para que mais profissionais possam pô-los em prática.

A profissional reconhece a importância de capacitações para os educadores que atuam com alunos com deficiência ou déficit de atenção, e vê a necessidade da Educação de Picos pôr em prática, capacitações neste sentido. “Precisa ainda avançar muito, a gente acredita que precisa ainda de um suporte maior, contudo, de qualquer forma já temos um avanço” falou a Coordenadora.

Coordenadora, Jackeline Marques (Foto: Arquivo Pessoal)

Projeto de Libras

A Educação de Picos possui um projeto voltado para alunos surdos/mudos chamado de: Libras para Falar e Português para Escrever, que é realizado na Escola Municipal Padre Madeira e possui aulas ministradas pelas professoras Renária Castro e Francisca Darck. A turma é composta por mais de dez estudantes surdos, estes alunos são advindos das redes Estadual e Municipal de ensino, sendo que alguns deles já estão no ensino médio.

Recentemente, foi realizado na Universidade Federal do Piauí, Campus de Picos, uma atividade em parceria com as professoras Renária Castro e Francisca Darck do Projeto Libras, juntamente com professores e alunos do curso de Enfermagem e Nutrição. Essa atividade consistia em executar um projeto que visou ensinar aos alunos de libras sobre o sistema nervoso cardiovascular, em uma aula interativa com professores utilizando apenas a língua de sinais.

Alunos do Projeto de Libras participando de aula especial na UFPI (Foto: Tainá Alves)

A professora Renária Castro conta que essa é a primeira vez que é realizado a culminância deste projeto em parceria com a UFPI, e que o projeto voltado para surdos/mudos funciona na Educação de Picos desde o ano de 2020, onde aconteceu inicialmente de forma remota, contudo agora, foi ampliado e procede de forma presencial.

“Para buscar os alunos para o projeto tivemos que que fazer uma busca ativa, para saber onde esses alunos estavam e onde moravam. A Secretaria disponibilizou transporte para localizar esses alunos em várias localidades aqui de Picos. Temos alunos do Val Paraíso, Morrinhos, Três Potes, Tabatinga, Cidade de Deus, bairro Paroquial e Emaús, são várias localidades”, disse a educadora.


Professora do Projeto de Libras, Renária Castro (Foto: Arquivo Pessoal)

Samara Andrade de 35 anos é funcionária pública e mãe de uma menina de 14 anos que é diagnosticada com paralisia cerebral, ela explanou que enfrenta várias dificuldades. Segundo ela, a Rede Municipal de Educação de Picos não dispões de Escolas com educação inclusiva.

A funcionária pública destaca ainda que os professores não possuem capacitação e treinamento para receber os alunos com deficiência nas escolas públicas. Samara conta que não consegue enxergar uma intermediação da Escola com a família para melhorias na aprendizagem. “Não existe, a família coloca na escola porque é direito do aluno a educação, mas não tem nada que a escola tenha preparado para a inclusão do aluno”, afirma Samara Andrade.

Mãe de pessoa com deficiência, Samara Andrade (Foto: Arquivo pessoal)

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