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Os efeitos da pandemia no mercado de trabalho e no mundo dos negócios

Por Tainara Sousa


A pandemia do novo coronavírus não afetou apenas a saúde, mas as relações pessoais, a economia, as atividades de lazer, o trabalho e os negócios dos piauienses. Devido aos decretos estaduais e municipais, os comerciantes tiveram que fechar as portas de seus empreendimentos e procurar novas formas de vender seus produtos e serviços.

Em meio à crise, empreendedores precisaram se reinventar para manter suas empresas funcionando ou até mesmo mudar de segmento de negócio para não sofrer maiores danos financeiros.

Nascendo na crise

Esse foi o caso do empresário David Júnior Santos Rodrigues, autônomo do ramo de importações, que quando se deparou com o fechamento das fronteiras enfrentou problemas financeiros e teve que fechar o seu negócio. Com isso, David juntou a necessidade de gerar renda com sua paixão pela gastronomia e abriu uma empresa no ramo da alimentação em Picos, a Zero89. 

Empresário David Júnior

“A princípio o intuito foi gerar renda em um momento onde minha atividade atual de comércio havia sido 100% prejudicada pela pandemia, já que todas as fronteiras haviam sido fechadas, meu negócio antigo que já tinha lá seus problemas, praticamente fechou de vez. O que me motivou a entrar no ramo, foi além da paixão pela gastronomia, a vontade de entregar mais opções de alimentação a população, com pratos diversificados e de altíssima qualidade a preços acessíveis”, disse o empresário.

A Zero89 comercializa desde fast food até opções de pratos requintados da gastronomia regional, que segundo David é o diferencial do negócio. As vendas são feitas via delivery através do WhatsApp, Instagram e aplicativos de entrega. Em média são feitos 45 pedidos por dia e a maioria vai mais de um prato. Segundo David, as vendas têm sido promissoras devido estratégias adotadas para atrair os clientes.

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“As estratégias são as mais variadas possíveis, desde pratos visualmente agradáveis, cardápio com muitas opções para todos os gostos, até a utilização de novas opções de pratos por períodos curtos de tempo, sempre com ingredientes da mais alta qualidade, despertando sempre a curiosidade dos clientes de provar as novidades sazonais”, explica.

Para o empresário o maior desafio no momento atual tem sido encarar a crise financeira diante da pandemia, pois com a falência do seu antigo negócio ficaram as dívidas, que ele precisa contornar em meio a uma pandemia iniciando um novo negócio totalmente do zero. Porém David é otimista e diz que para permanecer no mercado, as empresas devem se reinventar.

“Não há desafio que você não consiga superar se você tem empenho, determinação e força de vontade, se você entregar tudo de si em qualquer negócio, se você entrar de cabeça e entregar sua alma ao negócio, tudo vai dar certo. Não tem erro, se faz com paixão, se faz o que gosta, vai dar certo sim. O momento atual é um grande divisor de água para todos os negócios, seja ele grande ou pequeno, encontrar soluções, se reinventar, se necessário mudar de setor, só não podemos desistir diante de nenhum tipo de situação, por mais impossível que ela pareça ser”, frisou.

Renascendo na crise

Outro negócio que precisou se reinventar foi a Taverna Geek, um empreendimento que é o primeiro bar e loja com a temática nerd-geek, na cidade de Picos. Localizado na Avenida Severo Eulálio, na Rua Cicero Duarte, antes da pandemia o local era um ponto de encontro de pessoas, com caraoquê, repertório musical diversificado e um cardápio temático de alimentação.

A empresa estava indo muito bem, porém com a pandemia o proprietário da Taverna Geek, o empresário Lucas Wandemberg de Araújo Ventura, teve que aderir a novas estratégias de vendas.


Empresário Lucas Wandemberg

 “Assim como qualquer estabelecimento que forneça serviços de alimentação, as vendas presenciais passaram a não existir mais, obviamente, então a estratégia foi toda direcionada para o delivery, e assim houve a necessidade de impulsionar esse setor na empresa. As vendas não são boas, porém, venho tentando de todas as formas segurar o ponto comercial até tudo voltar ao normal”, relatou.

Atrair os clientes tem sido um desafio para Lucas, mas ele afirma que o bom relacionamento com o público tem sido a chave para manter o negócio funcionando mesmo na pandemia.

“Acho que ajudar o cliente com preço e fazendo campanhas promocionais, além de tudo sempre ter uma qualidade no produto/serviço prestado é primordial para mantê-lo. A Taverna Geek sempre teve uma relação excelente com o cliente, principalmente porque somos uma empresa muito “mente aberta”. Então hoje meio que viramos uma “grande família”. Venho tentando N formas de manter o ponto comercial de pé, porque conheço bastante o perfil dos meus clientes e sei o quanto amam o local”, falou.

Para Lucas o momento é de aprendizado e que cabe a cada um se atualizar sobre o que está acontecendo no mercado e com base nessa análise fazer melhorias onde precisar. 


“O momento em que vivemos agora, seja talvez, um dos poucos momentos em que a humanidade terá a opção de mudar, porque agora o momento é de reflexão, e assim também funciona para os negócios, novas oportunidades aparecem diariamente, cabe a cada um de nós analisarmos aquilo que mais tem crescido no mercado e tomar investimento naquilo, seja o que for”, frisou.

Como colocar a empresa no mundo digital

Estar no ambiente digital tem sido um diferencial para as empresas que querem se manter no mercado. O episódio “Como colocar a minha empresa no mundo digital” do podcast “Comunicação para negócios”, com apresentação do jornalista Jorge Posseti, explica como as tecnologias têm mudado a forma de comunicação das empresas com seus clientes, fornecedores e a sociedade durante a pandemia.

Confira:

De acordo com o empreendedor, jornalista e especialista em marketing, Raí Silva Junior, a comunicação tem grande importância na decisão de compra. Para ele as mídias alternativas tem sido a melhor opção para quem quer diminuir gastos e obter resultados positivos.

Veja o vídeo:

Desemprego aumentou na pandemia

A pandemia também afetou o mercado de trabalho. No Nordeste o desemprego subiu no primeiro trimestre de 2020 de 13,6% para 15, 6%, em comparação ao primeiro trimestre de 2019. Já o Piauí registrou 195 mil pessoas desocupadas nos três primeiros meses de 2020.

Os setores que mais sofreram reduções nos postos de trabalho com a pandemia causado pelo novo coronavírus, foram: agricultura, pecuária, produção florestal, pesca e aquicultura, com a diminuição de 19 mil empregos.

Para Marcos Holanda, presidente do Sintracs Picos, o país já vinha enfrentando uma crise política e econômica e com a pandemia só se gravou. Mesmo com as medidas tomadas pelo Governo Federal para evitar os prejuízos na economia, os empresários e empregados ainda foram prejudicados. 

“A gente já tinha uma crise instalada no país, uma crise política e também econômica que se juntou com a da pandemia e afetou o mundo todo. Comércio fechado e aí a gente não sabe se foi uma medida correta logo no início, mas o fato é que muitos comerciantes fecharam as portas porque não é possível vender com o comércio fechado. Mesmo nos setores essenciais como supermercado e farmácia, as vendas diminuíram, por isso é que a perda para os empresários e também para os trabalhadores é muito grande, apesar do Governo Federal pagar esses 90 dias para quem suspender o contrato e garantir também para aqueles que suspenderam parte do contrato entre 50% e 70 %”, explicou.

Presidente do Sintracs, Marcos Holanda

Marcos Holanda está se referindo ao decreto assinado pelo presidente Jair Bolsonaro no dia 14 de julho, que amplia os prazos para que empresas e empregados firmem contratos de redução proporcional de jornada e de salário e de suspensão temporária do contrato de trabalho, para fazer frente ao impacto econômico gerado pela pandemia de covid-19.

Segundo o Estadão Conteúdo, o decreto publicado no Diário Oficial da União explica que a redução de jornada e salário poderá ser estendida por mais um mês e a suspensão, por outros dois meses. O aval para a prorrogação das medidas já estava previsto em lei sancionada na semana passada, mas faltava ainda a regulamentação para começar a valer.

“Primeiro o governo está complementando o salário dos trabalhadores, só que agora a medida provisória 936, que agora vai até dezembro, o trabalhador vai ter muitos prejuízos porque a empresa poderá suspender o contrato em torno de 70 %. Por exemplo, pessoas que trabalharam 12 dias irão receber em torno de R$ 400, isso é um prejuízo para empresa que não conseguiu vender e também para o trabalhador e suas famílias. Com essa nova lei que pode suspender o contrato até dezembro vai causar muitos prejuízos para os trabalhadores”, relatou Marcos Holanda.

Segundo Marcos, os jovens terão dificuldades para entrar no mercado de trabalho enquanto durar a pandemia. “Além do número de desempregados, ainda tem os jovens que não conseguirão entrar no mercado de trabalho, porque ninguém sabe quando isso vai acabar e nem quando o comércio vai abrir, por isso que vai acontecer muitas demissões. Em Picos, a notícia que se tem é de fechamento de vários comércios. Nós vamos passar no país por uma situação de muita dificuldade”, finalizou.

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