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Cadeirante Anderson Santos defende a valorização e asseguração dos direitos das PCD (Foto: Arquivo Pessoal)

Pesquisador e cadeirante falam sobre necessidade de empresas oportunizarem espaço para pessoas com deficiência ingressarem ao mercado de trabalho

O Brasil possui mais de 45 milhões de pessoas com algum tipo de deficiência, e essa grande parcela da população é afetada pela não inserção ao mercado de trabalho.

Por: Iranete Dantas

Não é novidade de que no Brasil as pessoas com deficiência sofrem inúmeras dificuldades, sejam no que tange a acessibilidade ou falta de oportunidade no mercado de trabalho. No Piauí, e principalmente em Picos não tem sido diferente. As empresas que oportunizam espaço para pessoas com deficiência têm crescido, porém de forma lenta.

O Brasil possui mais de 45 milhões de pessoas com algum tipo de deficiência. Deste total, quase 13 milhões possuem deficiência severa, segundo o Censo de 2010 do IBGE. Aproximadamente 325 mil, ou menos de 1% dos mais de 44 milhões de trabalhadores com vínculo empregatício são deficientes.

O pesquisador e egresso do curso de Administração da Faculdade R.Sá, José Olival, realizou um estudo onde aponta que na cidade de Valença do Piauí, é possível compreender que há uma grande satisfação e expectativa quanto a possibilidade de ingresso no mercado de trabalho para pessoas com deficiência.  Na sua pesquisa constatou-se que 100% dos entrevistados se encontram muito satisfeitos no que diz respeito a perspectiva para conseguir um trabalho, onde muitos já conseguiram.

Administrador e Pesquisador, José Olival, (Foto: Arquivo Pessoal)

Direitos legais para PCD

Segundo a pesquisa de José Olival, deveria ser de conhecimento de grande parte da sociedade que o Brasil possui há mais de 20 anos uma legislação que garante vagas para pessoas com deficiência nas empresas a partir de 100 funcionários. Trata-se da Lei 8.213, de 24 de julho de 1991, conhecida como Lei de Cotas. Está Lei é uma das grandes conquistas do trabalhador com deficiência.

Existe também a Lei Brasileira de Inclusão da Pessoa com Deficiência, nº 13.146/15, que é destinada a assegurar e promover, em condições de igualdade, o exercício dos direitos e das liberdades fundamentais por pessoas com deficiência, visando à sua inclusão social e cidadania.

É inegável que por mais que as Leis trouxeram avanços no que diz respeito a inserção de pessoas com deficiência no mercado de trabalho, ainda podemos ver as dificuldades que são enfrentadas para conseguir na prática, esse acesso as empresas e órgão empregatícios.

José Olival considera seu estudo relevante, pois visou discorrer sobre a inclusão e oportunidade, de modo que as empresas passem a proporcionar isso para as pessoas com deficiência. “O que me chamou mais atenção para abranger esse assunto foi a falta de interesse das empresas para com esse grupo de pessoas. Um dos motivos que me levou a realizá-la foi conviver com pessoas que vem passando por esse problema há muitos anos”, disse o pesquisador.

O administrador ressalta a importância de ambas as partes conhecerem mais sobre seus direitos e deveres, como as empresas e as pessoas com deficiência.  José Olival afirma que são necessárias as pessoas possuírem um conhecimento maior, para que, possamos mudar essa realidade e consequentemente fazer com quem esse grupo de pessoas sintam-se aceitas no mercado de trabalho. “Acredito que minha pesquisa pode vir a trazer mais entendimento tanto para as pessoas com deficiência, como para as empresas”, ressaltou José Olival.

O cadeirante Anderson dos Santos, de 28 anos, nasceu com uma doença chamada de artrogripose congenita múltipla, que afeta os membros inferiores e os deixam atrofiados. Anderson diz que sempre foi muito independente apesar da sua deficiência, pois dança, sabe dirigir, viaja, e afirma que depende muito pouco das pessoas.

O cadeirante, porém, mesmo com todas as garantais e toda luta alcançada, reconhece que as (PDC) ainda ocupam um pequeno espaço no mercado de trabalho brasileiro, é um crescimento que ao passar dos anos vem sendo alcançado de forma muito lenta ainda.

“As pessoas com deficiência estão ocupando um espaço, principalmente no mercado de trabalho, mas ainda é muito pouco. A maioria das empresas não contratam as pessoas com deficiência por não acreditarem na capacidade delas, mas sim, por conta da Lei de cotas e a pressão do Ministério Público”, relatou Anderson Santos.


Cadeirante Anderson Santos (Foto: Arquivo Pessoal)

Anderson acredita que os direitos constitucionais não vêm sendo aplicados na prática como deveria.

“A empresa contrata a pessoa com deficiência, mas ela não oferece acessibilidade, aconteceu um fato comigo que diz muito sobre isso. Eu fui convidado, assim que sai do ensino médio para trabalhar de auxiliar administrativo em uma empresa de ônibus, eles me disseram que só teria um problema, as salas só funcionavam no primeiro andar, mas que davam um jeito, tinham os seguranças para me ajudarem. Eu logo disse, a vaga é para uma pessoa com deficiência física e vocês não tem acessibilidade? Logo não aceitei, por eles estarem querendo violar os meus direitos e eu violar os meus princípios. Denunciei a empresa ao Ministério Público, achei muita ofensa o que eles fizeram”, afirmou Anderson Santos.

O cadeirante conta que também existem empresas que oportunizam espaço para pessoas com deficiência. “Hoje em dia sou Secretário Estadual da Juventude do Partido Verde no Estado da Bahia e trabalho no restaurante Cumbuca de Barro aqui bem Picos na parte administrativa, não é um trabalho fixo, mas ajudo muito, frequentemente estou por aqui. Me sinto muito útil mesmo com minha deficiência eu consigo produzir e fornecer minha mão de obra com qualidade”, finalizou Anderson Santos

É inegável que é necessário a discussão de políticas públicas voltadas para pessoas com deficiência. Assim como, que haja fiscalização do Ministério Público e órgãos competentes no que tange a inserção dessas pessoas no mercado de trabalho, tendo por fim, todos os seus direitos e deveres assegurados.

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