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Do matuto ao estilizado, nesse arraiá ninguém fica parado

Wanantha Borges

“São João na terra é fogueira é fogueira
São João no céu é balão
Dança quadrilha na poeira
Isso é que é São João” (Mastruz com Leite)

No Brasil, sabe-se que desde o século XVII, comemora-se no mês de junho as chamadas “Festas Juninas”. Essa comemoração acontece de formas variadas na região Nordeste e se caracteriza por ser um período em que as pessoas usam, trajes específicos, comidas e bebidas e fazem fogueiras para homenagear santos reverenciados pela Igreja Católica.

Quanto á origem dessas festas, não se sabe ao certo, mas o fato é que alguns estudiosos especializados em festividades e rituais costumam apontar as origens das festas juninas nos rituais dos antigos povos germânicos e romanos.

As comemorações das festas juninas no Brasil, além de manterem as características herdadas da Europa, como a celebração dos dias dos santos, também mesclaram elementos típicos do interior do país e de tradições sertanejas, forjadas pela mescla das culturas africana, indígena e europeia. Sendo assim, as comidas típicas (como a pamonha), as danças, o uso de instrumentos musicais (como a viola caipira) nas festas, etc., tudo isso reflete milênios de tradições diversas que se imbricaram.

EM ÂMBITO LOCAL

Uma dessas festas se realiza na cidade de São João da Varjota-PI, onde todos os anos, a população se reúne e organiza o evento quadrilha, uma dança típica da região Nordeste, que conta com a participação de varias pessoas vestidas com roupas caipiras. A dança é embalada ao som de musicas típicas do interior do Brasil.

A quadrilha Furação surgiu quando os jovens da comunidade se reuniram e criaram uma quadrilha tradicional, com passos simples e roupas caipiras antigas e assim saiam representando o município através de competições nas cidades vizinhas.

Em 2011, um morador da cidade Hélio Thadeu Dias Madeira, de 29 anos, resolveu resgatar a dança que já existia no município transformando-a em uma dança coreografada, nos dizeres dos dias atuais, estilizada. Hoje, Hélio Thadeu é o organizador dessa quadrilha, também componente dançante. Por três anos consecutivos, o evento se destacou e no ano de 2013 venceu uma das competições com o tema “vaqueiro: herói do sertão” e que rendeu a equipe vários prêmios em diversas competições nas cidades do Piaui. no ano de 2014 o entrevistado se ausentou da cidade e então não houveram apresentações nesses últimos três anos, mas somente neste ano de 2017, pela força tradicional que o evento representa este começa a se manifestar.

Questionou-se ao sujeito entrevistado se esta quadrilha sempre se fez presente na população e este afirma que sim, embora com outros traços que correspondia aos valores da época em que se mantinha uma vida mais tradicional e que não haviam alguns passos e outros características que hoje a dança assume.

SOBRE A QUADRILHA

Sobre o tema, indagou-se ao entrevistado se a quadrilha Furacão adota temas diferentes a cada ano ou se não se debruça sobre isso. E assim, o entrevistado diz que a cada ano se aborda um tema diferente e que fez com isso, com que cada vez mais a dança fosse estilizada em função das novas configurações que a sociedade mostra.

O número de participantes que a quadrilha tem conta hoje com 32 componentes dançantes e uma equipe de apoio com cinco pessoas. Assim, quadrilha se organiza em pares onde cada lado abriga 16 pares dançando caracterizados conforme o tema proposto.

Segundo Andréia dos santos Barbosa uma das ex-participantes da furacão, diz que a quadrilha era praticamente uma família, sempre buscavam o melhor para obter

bons resultados, realizavam bingos e rifas para ajudar nas e despesas. Andréia diz que participou da furacão nos anos de 2012 e 2013.

Para este ano, a quadrilha Furacão deverá se apresentar em quatro cidade vizinha, a saber: Santa Cruz do Piauí, Ipiranga (Semana da Juventude), Dom Expedito e Oeiras-PI. As apresentações têm início no mês de junho e se estendem ate meados de agosto e posteriormente em outros eventos que surgirem.

ENSAIO

A participação acontece em diversos festivais da cidade e dos municípios vizinhos com premiações variadas e ate mesmo em dinheiro. Mas, não se ganha prêmios sem que haja ensaios e um sacrifício destes. Geralmente, a população do evento da quadrilha são jovens entre 15 e 30 anos e na maioria destes são solteiros. Entretanto, alguns destes jovens são casados e já estão no mercado de trabalho, mas não pretendem fazer com que a tradição dessa quadrilha se perca na cidade. Esses integrantes que compõem a quadrilha dedicam quatro meses de ensaio para os eventos desde o inicio de Março ate o mês de junho, as apresentações geralmente vão até o mês de agosto conforme haja necessidade.

No mês de junho comemora-se os festejos de São João da Varjota onde a furacão se apresenta e é a alegria de muitos da cidade. “quando chega os festejos da minha cidade, já fico bastante feliz, pois sei vai haver o um grande show da furacão que a quadrilha mais bonita da região e muito importante para nossa cidade, ela é a alegria da de são Joao da Varjota, sem ela os festejos é sem graca” afirma Matheus Ferreira dos Santos, um morador da cidade e um grande admirador da furacão.

SOBRE A IMAGEM DA QUADRILHA

Em relação ao figurino, esse evento traz uma riqueza que traz brilho ao trabalho desses jovens. Há sim exigências para o figurino, a partir de um tema proposto, elabora-se proposta que possa ir de encontro ao da temática proposta. O organizador do evento que resgatou essa dança no ano de 2011 tem habilidade com o desenho e assim, elabora os modelos como propostas. a aquisição da vestimenta acontece por doações e incentivos segundo Hélio a prefeitura de São João da Varjota também ajuda. A dança requer trabalho e por isso, conta com uma equipe de organização que ajuda na formação de cenários, arranjos e animação , figurinos.

Sobre o objetivo dessa quadrilha tão valorizada pela população o entrevistado Hélio Thadeu diz que esse é um trabalho social, uma forma de manter os jovens fora da vulnerabilidade social e das ruas, para que estes não se insiram no mundo da marginalidade e não se envolvam com aspectos desagradáveis da sociedade atual.

Portanto, o objetivo é de manter a tradição da dança popular na região e retira os jovens da rua inserindo-se em projeto sociais dando incentivo á cultura e foça a juventude.

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