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Picos ao contrário: Conheça a trajetória de pessoas que são oposto ao que fazem

Como já diz o humorista, Ivonildo do Nordeste: “Picos é todo ao contrário! Zé do Alho vende é sorvete, a Casa de Saúde só tem doentes…”. E, de fato é, pois na cidade encontramos várias pessoas com seus nomes sem significados, como o Zé do Alho, que tem uma sorveteria, a Barraca do Bicudo vende salgados, João Borracheiro que é sanfoneiro, José da D-20 tem uma van, e entre outras figuras que encontramos na cidade.

Entre os variados personagens que existem na cidade, cujos nomes e profissões divergem, conversamos com dois deles: um foi José de Aquino Dantas, 74 anos, mais conhecido como Zé do Alho, dono de sorveteria. O outro, Esfrânio Ferreira de Sousa, o Bicudo, 27 anos, da barraca de salgados.

Zé do Alho, que vende sorvetes

José de Aquino Dantas, se considera picoense de coração, apesar de ter nascido no povoado Curralinho, hoje, zona rural da cidade de Bocaina, na época, o lugar ainda pertencia a Picos. Aos 24 anos de idade, veio morar na Capital do Mel, onde permanece até hoje.

Começou vendendo de tudo: cachaça, comida e alho, que ele mesmo plantava. O Zé então, ficou conhecido pelo que produzia: Alho! Daí então, surge o nome (apelido) Zé do Alho, que aos poucos foi sendo reconhecido na cidade por o seu trabalho.

José de Aquino Danas, 74 anos, conhecido popularmente como Zé do Alho – Foto: Anna Clara Oliveira

 

A bodega de produtos variados se tornou sorveteria, e o nome ficou. Mas como tudo começou? Segundo ele, o seu negócio com sorvetes se iniciou com uma ideia de um amigo, de vender picolés na praça. “Comprei uma máquina e comecei a produzir. Desde então, a Sorveteria do Povo é considerada a melhor de Picos”, exalta.

Hoje, bem-sucedido com a venda de sorvetes, Zé do Alho exibe os 22 troféus e certificados que colocam seu empreendimento como “a melhor sorveteria da cidade”. O curioso é que, mesmo com o reconhecimento atual vindo pela fabricação e venda de sorvetes, ele nunca deixou de vender seus alhos.

Ainda assim, reivindica certa exclusividade na cidade da cidade. “Picos cresce bem, mas era para crescer mais. Eram para consumir só o sorvete daqui que é mais saudável e natural”, pontua o personagem dono da Sorveteria do Povo, mesmo sendo a Sorveteria do Zé. O Zé do Alho.

Barraca do Bicudo, que vende salgados

Na Barraca do Esfrânio Ferreira de Sousa, o Bicudo, a coisa não é diferente. Apesar do nome, ele vende salgados. Natural de Cigana, interior Santa Cruz do Piauí, mudou-se para Picos em 1998 e logo começou a trabalhar com bijuterias. Depois, confecções. Depois, calçados.

Esfrânio Ferreira de Sousa, conhecido como Bicudo – Foto: Wesley Monteiro

Cansado dessa cidade, ele resolveu procurar trabalho em São Paulo, mas sua experiência lá não foi das melhores. Sem demora, Bicudo voltou a Picos e, em 2012, abriu seu próprio negócio na feira livre, com sua banca de salgados

Mas porque Barraca do Bicudo? “Bem, aqui todo mundo na feira tinha um apelido. Cada um colocava apelidos diferentes, um deles foi o meu. Mas eu não me zanguei com isso, porque é um apelido que pegou até bem para mim, porque traz uma boa clientela. Eles ficam surpreendidos por eu ser um cara novo”, considera.

Com poucas histórias contadas, mas bem vividas, Bicudo se diz ser muito feliz com a família e o negócio que tem. Pretende cada vez mais crescer com sua barraca de salgados, a Barraca do Bicudo.

Personagens contraditórios?

Mas como explicar o motivo de a cidade de Picos ter esses personagens de nomes contraditórios?

Alguns dizem que isso é a nossa cultura, que isso faz parte da cidade há tempos. Mas para o historiador e professor universitário Paulo Fernando Mafra de Sousa Junior, 38 anos, essa ideia de Picos ao contrário é uma sátira, toda cultura é econômica. Essa ideia é mais merchandising e publicidade:

“Eu não vejo como uma cultura produzida pelo povo, porque a cultura, sobretudo, é produto de uma sociedade, de um grupo humano”, diz Mafra.

Mas sendo próprio da cultura ou não, Picos é composta por estes personagens que deixam a cidade com mais humor em meio aos comércios. Pode não ser a cidade ao contrário, mas uma cidade bem produzida por seus personagens.

Assim como o Zé do Alho da sorveteria ou até mesmo a Barraca do Bicudo com seus salgados, estes personagens deixam a cidade mais caracterizada com o nosso jeito de viver. Não só essas pessoas, como várias outras de nomes contraditórios, fazem parte do crescimento da cidade, que é característica de Picos.

 

Foto de capa da matéria reprodução da internet

 Por: Anna Clara Oliveira; Junior Oliveira; Maycon Brenno; Wesley Monteiro

 

 

 

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