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Felicidade da vida tranquila do interior. Foto: Sávio Magalhães, da agência Sertão Criativo

Vida no interior: entre aconchego e resistência

A vida no interior é um céu em terra, capaz de trazer felicidade a quem, num lugar sem muitas oportunidades mercadológicas, acha, em meio a uma vida simples, especialmente no Sertão quente e seco como o nosso, o melhor lugar para viver.

Acordar cedo, tomar um café quentinho direto do bule. Ou, então, comer aquele feijão feito à lenha, temperado com o gostinho particular de fumaça. Digo a verdade: não tem coisa melhor.

E sentar à noite nas calçadas, sem se preocupar com o tempo, jogar conversas fora, escutar as histórias de antigamente, sob o olhar da lua e das estrelas? Sim, essa é a vida de quem mora no interior, vida essa que não há dinheiro que pague. Atrevo-me a dizer que, se existisse algum dinheiro que pagasse, não teria uma pessoa sequer disposta a vender.

Em meio a tantas vantagens da vida no interior, escapar do trânsito caótico de todos os dias é uma das melhores. Porque significa escapar de estresses do dia-a-dia e, ainda mais, de todas as poluições das cidades. No interior, é possível resolver as coisas a pé, com direito à apreciação da natureza.

Natureza. Foto: Matheus Luz

A calmaria do interior trás aconchego a cada um chega e deixa saudade em cada um que vai. Lá, não precisamos de despertador, pois o cantar dos pássaros ou do galo avisa que já é hora de acordar e anuncia um grande dia pela frente.

Mas, são poucos os privilegiados com essa vida de resistência, mas também de sossego. De acordo com o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE, 2010), apenas cerca de 20℅ da população mora na zona rural. Nossa população é tipicamente urbana.

O curioso é que o percentual de moradores do campo está em crescimento. Há uma tendência à volta de pessoas da cidade para o interior. Como explicar isso? Tentamos. As pessoas estão cansadas da vida corrida e estressante dos grandes centros urbanos e, quando têm oportunidade, preferem viver em um lugar mais tranquilo, rapidamente, abandonando a agitação.

Mas, nem só de amor e aconchego vive o interiorano. Esse estilo de vida carece de muita coragem e alento. Como escreve Euclides da Cunha: “o sertanejo é, antes de tudo, um forte”. E é essa força que faz com que as dores e dificuldades convivam com superação. Assim, permanece o sorriso contagiante, certo de que cada aurora trás um recomeço, com a certeza de que a vida no interior é a vida que precisamos.

Matheus Luz

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