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Recém-nascido sob medição do perímetro cefálico. (Foto: Reprodução)

Estudos comprovam que a fisioterapia precoce para crianças com microcefalia aumenta o desenvolvimento motor

Pesquisadora e profissional da fisioterapia falam sobre modalidades de atendimentos fisioterápicos que contribuem para esse desenvolvimento.

Por: Valdo Filho

A microcefalia consiste na diminuição da caixa craniana, o que estará a ocasionar a perda de massa encefálica, estando a afetar o desenvolvimento do sistema neuropsicomotor, ocasionada pela infecção do Zika Vírus. Estudos comprovam que a fisioterapia precoce, ou seja, iniciada nos primeiros anos de vida, contribui para o desenvolvimento motor das crianças e redução de riscos.

No Brasil, o vírus tornou-se público quando, em 2015, a epidemia estourou, estando a serem investigados, conforme exposto no site do Ministério da Saúde, desde o início do ano até o seguinte, 8.703 casos. No Piauí, à época, foram notificados 178 casos, dos quais 12 estavam em processo de investigação, 92 foram confirmados e 74 estiveram a ser descartados. 

A pesquisadora da área, Camila Santos, alerta que a ausência de exercícios fisioterápicos, no que tange à microcefalia, como forma de tratamento precoce, ocasiona impactos maiores como déficit intelectual, epilepsia, convulsão, paralisia cerebral, atraso no desenvolvimento motor, linguagem, déficits oculares, auditivos, dentre outros.

Conforme a eventualidade da área e extensão acometidas pela patologia, cada criança estará a reagir de modo diferente. Ainda assim, os tratamentos fisioterápicos para a melhora no quadro da criança foram realizados precocemente para a realização da pesquisa’’, disse a pesquisadora.

Pesquisadora Camila Santos (Foto: Arquivo Pessoal)

Camila ressalta que algumas técnicas e métodos realizados pelo fisioterapeuta podem intervir no atraso do desenvolvimento motor. “A técnica de Bobath é um conceito neuroevolutivo que busca ganhos nos distúrbios da funcionalidade, na movimentação, no controle de postura, proporcionando uma estimulação motora; a técnica de Shantala, que permite o relaxamento e melhora do sono; a hidroterapia, que melhora o alongamento do músculo, ajuda na estimulação sensorial motora, treino da motricidade, fortalecimento muscular, treino de marcha; a técnica Padovan’’, explica Camila Santos.

O fisioterapeuta Haertori Leal explica que a microcefalia é uma encefalopatia adquirida no período gestacional, quando o vírus atravessa a barreira materno-placentária.

Assim como o Zika virus, outros micro-organismos conseguem penetrá-la a causar dano precoce ao feto com atraso no desenvolvimento, principalmente encefálico, tais como Toxoplasma Gondii, causador da toxoplasmose, Rubella virus, que transmite a rubéola, citomegalovírus, entre outros.

“A condição impacta no desenvolvimento neuropsicomotor, pelo que a criancinha poderá apresentar insuficiência cognitiva e intelectual, dificuldades auditivas, locomotoras como monoplegia, diplegia, tetraplegia – condições decorrentes da perda das funções motoras em membros do corpo –, dentre outros’’, discorre o fisioterapeuta.

Fisioterapeuta Haertori Leal (Foto: Arquivo Pessoal)

Para diagnosticar a presente condição, necessita-se de exames clínico-laboratoriais com exames de imagem, a exemplificar, ultrassonografia e a translucência nucal; após o nascimento, consoante a explanação do fisioterapeuta, é feita a análise do perímetro cefálico – averiguação do tamanho do crânio – o que acarretaria no atraso do progresso corporal.

Além das condições fisiológicas, a criancinha seria acometida de um atraso na sua introdução à vida e ao relacionamento social, revertidas, portanto, através da fisioterapia, terapia ocupacional, psicólogo, medidas que levam conquistas para elas.

Para reduzir os impactos causados, o fisioterapeuta afirma que, ‘’no tratamento, busca-se artifícios para assessorá-los, como órteses, próteses, além de outros métodos, como a hidroterapia, equoterapia – métodos que se utilizam de piscinas e cavalos, respectivamente -, dentre outros’’.

No dia 7 de abril de 2020, foi sancionada a Lei 13.985/20, que garante o pagamento de pensão mensal vitalícia para as crianças acometidas pelo vírus no valor de um salário mínimo a crianças com microcefalia decorrente do Zika.

Em contato, a mamãe Solange Martins relata que sua filha é participante do tratamento precoce na fisioterapia através do Sistema Único de Saúde para redução de impactos causados pelo vírus. A pequena, hoje, tem 6 anos e, com a união da equipe e a família, seu quadro de evolução é bom, conforme afirma Solange.

“Hoje, ela é acompanhada por uma equipe aqui em Picos, Fortaleza e Teresina, acredito que é através desse acompanhamento que conseguimos conquistar esse quadro evolutivo”, conta Solange Martins.

Mamãe Solange Martins Ribeiro Ibiapino e sua bebê. (Foto: Arquivo Pessoal)

Fazem-se necessária as discussões, debates e disseminação de informação acerca dessa temática. Muitas famílias brasileiras possuem crianças com a patologia, mas desconhecem das políticas públicas ofertadas pelo SUS no que tange ao atendimento e acompanhamento às crianças que possuem microcefalia.

Com base nisso, é importante que as famílias levem em consideração as orientações dos profissionais da fisioterapia assim como cientistas no que diz respeito aos avanços do sistema motor das crianças que fazem acompanhamento fisioterápico. 

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