Home / Noticias / Tradicional vaquejada, uma festa popular que acontece na cidade de Picos
Momento de diversão e treinamento, em preparação para a vaquejada (

Tradicional vaquejada, uma festa popular que acontece na cidade de Picos

Com a mesma disposição de todos os dias, o vaqueiro inicia sua jornada de trabalho sempre muito focado nas suas tarefas diárias. Transforma as durezas da profissão em cantos e aboios, dando a ideia de que a sua lida é um fardo leve.

Momento de diversão e treinamento, em preparação para a vaquejada (Texto e Foto: Breno Gomes da Luz, direto de Picos-Piauí).
Momento de diversão e treinamento, em preparação para a vaquejada (Texto e Foto: Breno Gomes da Luz, direto de Picos-Piauí).

Quem conhece o dia-dia de um vaqueiro não tem a menor ideia dos desafios enfrentada por ele. É uma profissão de risco, mas de amor ao mesmo tempo. Patrões, vaqueiros e peões picoense se encontram na mais pura animação para contar suas histórias e correr na pista de vaquejada o mourão.

Os mesmos se encontram no Parque Joaquim de Pedro, realizando suas atividades recreativa-competitivas para melhor desempenho no ciclo do gado nordestino.  A vaquejada do sertão nordestino passou por processos de mudanças. “A vaquejada na cidade de Picos se iniciou na década de oitenta, sendo que era realizada pela manhã e ia durante o dia todo e já por volta das cinco horas da tarde acabavam com as atividades, pois não havia energia no parque naquela época, os vaqueiros se utilizavam da vaquejada como meio de esporte, naquele tempo eram poucas as regras e umas delas, o boi saísse do jiqui o vaqueiro deveriam derrubar o boi e sair arrastando até o meio das duas linhas que forma a faixa da vaquejada e se não colocasse no meio não valeria o boi. Este esporte era passado de pai para filho e assim as pessoas iam tomando gosto, neste tempo não existia investimento, pouco dinheiro que por ali circulava”, disse o vaqueiro Pedro Joaquim da Luz de 66 anos de idade, este que é um dos homens mais experientes nesse esporte dentro da região Picoense e dono do parque de vaquejada este que recebe o seu nome.

Atualmente a vaquejada tomou outros rumos, devido à coragem e perseverança de pequenos fazendeiros onde eles tiveram a iniciativa de transformar a vaquejada em uma festa popular e tradicional da região reunindo vaqueiros de várias partes do nordeste, colocando boiadas boas para correr na pista de mourão e assim atraindo um grande público para prestigiar esta festa que é considerado como “bolões de vaquejada”. Portanto para que possam realizar está festa os vaqueiros têm que pagar uma quantia em dinheiro, para ter direito a senha, está que dá o direito do vaqueiro participar da disputa. O dinheiro é usado para a organização do evento e para premiação dos vencedores.

Foto: Breno Gomes da Luz
Foto: Breno Gomes da Luz

Segundo o vaqueiro Leandro de Sousa de 22 anos de idade, o vaqueiro do gibão é aquele que entra na mata fechada em busca do gado que fugia do rebanho e resistiam ao chamado do vaqueiro sendo perseguidos e derrubados pela cauda, está é uma das práticas mais antiga da vaquejada e que têm como vestimenta o gibão de couro, chapéu de couro, bota, espora e chicote, pois se utilizavam desses utensílios para se defender da mata espinhosa e das pancadas, pois se trata de um esporte perigoso e já a vaquejada da arena (parque) se usa de outros acessos como: perneira, espora, calça jeans, bota luva (protetor de pulso), caneleira e o chicote. Esta vaquejada de arena está se modernizando, ou seja, estão tendo mais cuidados para não judiarem tantos dos animais, hoje já se têm os domadores de cavalo pra amansar sem bater, pois os animais eram muito sofridos e já têm as esporas isoladas, os arreios apropriados para não corta a cara do cavalo, novas regras aparecendo na vaquejada no intuito de melhorar o tratamento dos animais tanto o gado como o cavalo, então já se têm várias oportunidades para não machucarem os animais.

Os homens e crianças que por ali participavam faziam em meio a uma roda de conversa, churrasco, canções de vaqueiro, danças, bebem pinga e contam suas histórias. O vaqueiro Joaquim Pedro da Luz Neto de 25 anos de idade, mas conhecido como Neto, este que é um dos filhos do dono do parque de vaquejada, diz que a vaquejada está no sangue do nordestino, pois a vaquejada começou como um meio de trabalho sem interesses em fins lucrativos e sim como necessidade pelos moradores das fazendas por irem às chapadas atrás do gado a mando do patrão. Portanto, a vaquejada vem crescendo cada vez mais e assim já é vista como um esporte, que ao longo do tempo vem despertando interesse de empresários que usam da vaquejada como hobby e assim aproveitando de seu nome para divulgação de seus produtos.

É comum o vaqueiro ajuntar o gado para o curral no fim da tarde (Foto: Breno Gomes da Luz).
É comum o vaqueiro ajuntar o gado para o curral no fim da tarde (Foto: Breno Gomes da Luz).

Hoje encontramos mulheres e crianças que acompanham seus maridos nas vaquejadas, ou seja, famílias que vivem da criação e do trabalho com o gado e das competições realizadas nos bolões. Em entrevista com Lucas Wanderson Luz Silva (14) estudante (ensino fundamental), é reconhecido entre os amigos como Pesão vaqueiro, o mesmo fala como é feita a competição. “A competição é feita em rodada também conhecida como rodízios, dependendo do número de pontos do vaqueiro a uma rodada perdida ele será desclassificado e ela é feita em duas etapas classificatória e disputa pacífica”, falou ele “Picos não possui investimento, os vaqueiros para se profissionalizarem viajam para outras cidades como Garanhuns no Pernambuco e que hoje várias mulheres participam da derrubada do boi, mostrando que o esporte é para aqueles que têm vontade e amor pela vaquejada de apartação”.

O jovem Jarnielson Cavalcante Luz (22), conhecido pelos vaqueiros como Jarlan, fala que arena é uma pista de 120 metros de cumprimento por 30 metros de largura demarca-se uma faixa aonde os bois deverão ser derrubados. Dentro deste limite será válido o ponto, somente quando o boi, ao cair, mostrar as quatros patas e levantar-se dentro das faixas de classificação. O boi será julgado de pé, deitado, somente caso não tenha condições de levantar-se. Participam desta competição sempre uma dupla de vaqueiros que terá direito a ter inscrito o animal designado para puxarem apenas uma vaquejada, estando o esteira permitindo a participar de duas provas. Recebera nota zero aquele vaqueiro que deixa o boi ficar de pé para frente ou em cima de uma das faixas, e logo dão inicio a disputa dos campeões que será feita na ordem decrescente, ou seja, da última colocação para a primeira.

Na vaquejada a dupla tem que derruba o boi entre as faixas que tem 10m entre uma e outra, onde cada dupla possui o vaqueiro de esteira (aquele que ajuda o puxador, ajeitando e alinhando o boi na pista), o puxador (puxa o boi pelo rabo e derrubar entre as linhas). Se o puxador derrubar o boi entre faixas então “Valeu boi” e a dupla ganha seu respectivo ponto.

Jarlan ressalta que para ocorrer a festa é preciso marcar a vaquejada com 2 meses de antecedência, para não coincidir com outras festas de apartação, onde colocam cartazes, faixas por todas as cidades, também divulgam pelo rádio e em outros meios de comunicação. As festas têm como duração de dois a três dias de pura animação.

Uma imagem tipicamente nordestina: O gado encurralado (Foto: Breno Gomes da Luz).
Uma imagem tipicamente nordestina: O gado encurralado (Foto: Breno Gomes da Luz).

Aqui estão algumas palavras tiradas dos peões da VAQUEJADA no Nordeste:
Peitoral – É a faixa de couro para proteger o peito do animal de possíveis acidentes na pista.
Véstia ou gibão – Espécie de casaco que o vaqueiro veste sobre a camisa.
Guarda Peito – Tem a finalidade de proteger o tórax do vaqueiro. É ligado por correias ou tiras em forma de X, por trás dos ombros.
Perneiras ou guardas – O vaqueiro veste para proteger-se até a cintura contra espinhos ou
outros riscos em sua ação na pista.
Boi riscado – Quando o boi para bruscamente.
Mandioqueiro ou Jacu – Vaqueiro iniciante.
Afundar a mão – O vaqueiro impulsiona mão para baixo no momento em que se prepara para
derrubar o boi.
Sair do boi – Cavalo bom que muda de direção na hora da derrubada.

Abrir a tampa – Soltar o boi.

À tarde o gado é recolhido ao curral do Parque Joaquim de Pedro (Foto: Breno Gomes da Luz).
À tarde o gado é recolhido ao curral do Parque Joaquim de Pedro (Foto: Breno Gomes da Luz).

Queimado – O boi que cai tocando a marca de cal nos 10 metros.
Boi chiado – Boi de fora para dentro da faixa.
Afrouxar – Abrir a mão na hora da derrubada.

Rabo da Gata – Vaqueiro chamado e não comparecido, ficando, então, para correr no último
rodízio.
Valeu Boi – O boi foi válido e os pontos são computados para o final.
Arrocha o Nó – Não abrir a mão no momento em que for derrubar o boi.
Zero – O boi não foi válido para a contagem de pontos.
Ficou no meio – O vaqueiro cai do cavalo no meio da faixa.

Entrevistados: Pedro Joaquim da Luz Neto, 66 anos de idade;

Joaquim de Pedro da Luz, 25 anos de idade;

Jarnielson Cavalcante Luz, 22 anos de idade;

Leandro de Sousa Luz, 22 anos de idade;

Lucas Wanderson Luz Silva, 14 anos de idade.

 

Reportagem do acadêmico do III Período de Jornalismo da Faculdade R.Sá: Breno Gomes da Luz.

 

 

 

 

Veja Também

Pesquisador e cadeirante falam sobre necessidade de empresas oportunizarem espaço para pessoas com deficiência ingressarem ao mercado de trabalho

O Brasil possui mais de 45 milhões de pessoas com algum tipo de deficiência, e ...

Deixe uma resposta

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *